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terça-feira, 29 de janeiro de 2008

Ao alcance

Ela se vestiu de calma e entrou na sala, pessoas iam e vinham num movimento de estação.
Depois de muitos minutos e palavras, perguntas repetidas e passos ensaiados, veio o tédio e ela capitulou.
Já estava de saída quando reparou na moça vestida de música. Não conhecia a letra, mas a melodia chamou sua atenção.
Elas se falaram com as mãos porque compartilhavam a distância.
De início tão diferentes: a moça era um rock de hipóteses e números, fatos e surpresas; enquanto ela desfiava, em jazz, seus pensamentos, cheia de "adoro", "eu acho" e "porquês".
Com o tempo percebeu como ficava a vontade se vendo nos olhos da moça, falando das suas teorias num diálgo que para qualquer um pareceria sem rumo, mas que a moça entendia, da mesma forma que, generosa, desculpava o seu medo. Ela foi baixando suas defesas, abrindo espaço para o afeto genuíno e trazendo a moça pra sua vida, pra ser seu bem.
E se hoje elas estão geograficamente mais distantes - países as separam - ainda continuam ao alcance das mãos (na cabeça e no coração).

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