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terça-feira, 27 de janeiro de 2015

    


    As buzinas e motores me alcançam em câmera lenta, parece que os carros chegaram ao quinto andar. Amanheço tarde, sinto o seu calor e numa cadência bossa nova abro os olhos, você ainda dorme e a sua respiração mostra que o trânsito ainda não invadiu os seus sonhos.
    Apoio a cabeça no braço: o sol aproveita a fresta da cortina e faz arte nas paredes, enquanto denuncia, indiscreto, a bagunça dos lençóis e das nossas pernas. Afasto-me um tiquinho, só o suficiente pra ver a sua paz, sorrio, pensando que ela é inversamente proporcional ao seu fogo.
    Não resisto e carinho seus cabelos curtos, gosto deles assim, em desalinho... Você desperta sorrindo, ronrona alguma coisa, mas nem abre os olhos, vira de lado e me puxa até que nossos corpos ficam justapostos, você beija a minha mão e se aninha, enterro o nariz no seu pescoço e respiro a alegria desse pedaço de pra sempre.

O dia vai ter que esperar.