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terça-feira, 27 de janeiro de 2015

    


    As buzinas e motores me alcançam em câmera lenta, parece que os carros chegaram ao quinto andar. Amanheço tarde, sinto o seu calor e numa cadência bossa nova abro os olhos, você ainda dorme e a sua respiração mostra que o trânsito ainda não invadiu os seus sonhos.
    Apoio a cabeça no braço: o sol aproveita a fresta da cortina e faz arte nas paredes, enquanto denuncia, indiscreto, a bagunça dos lençóis e das nossas pernas. Afasto-me um tiquinho, só o suficiente pra ver a sua paz, sorrio, pensando que ela é inversamente proporcional ao seu fogo.
    Não resisto e carinho seus cabelos curtos, gosto deles assim, em desalinho... Você desperta sorrindo, ronrona alguma coisa, mas nem abre os olhos, vira de lado e me puxa até que nossos corpos ficam justapostos, você beija a minha mão e se aninha, enterro o nariz no seu pescoço e respiro a alegria desse pedaço de pra sempre.

O dia vai ter que esperar.

sexta-feira, 10 de outubro de 2014









Por você, ainda chovo.
Umas noites, em tempestade, trovejo sua ausência. Com qualquer sopro de lembrança faço tornados, destelho verdades, embaraço ideias, bagunço palavras... Enfim amanheço, peito devastado.
Percebo, com os intervalos, que o tempo das monções está passando. É hora de reaprender a ser estio.
Terminar é gerúndio.

terça-feira, 5 de agosto de 2014






Queria tanta coisa...
Mas decidiu, moleca, descalçar os pés. Respirou fundo quando o frio da lajota trouxe o antigamente.

Soltou a carretilha de pensamentos e fez o coração pipa voar alto; correndo com o vento e espalhando seu riso rabiola pelo céu do apartamento.


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