Quando ela era bem pequena, os pais dela tinham um sítio, nos finais de semana iam todos para lá. Ela achava tudo encantado, gostava de pensar que a chácara dela era parente próxima do Sítio do Pica-pau Amarelo.
Existia um pomar enorme que ela amava desbravar, calçada com as suas botas sete léguas amarelas (a insistência na cor pode parecer defeito no texto, mas fazer o que? a realidade por vezes se repete). Bom, é verdade que havia um problema, ela embora peralta era novinha, e algumas árvores eram bem altas, resultado, logo fez amizade com as jabuticabeiras.
Tinha também um córrego, onde ela pescava girinos com copos de vidro transparente. Ela dizia que eram peixinhos e ficava intrigada porque a mãe não deixava mais os copos que ela usava junto dos outros, dizendo que tinham ficado sujos. Mas como podiam ser sujos se eram bichinhos da água? (até que ela descobriu que eles viravam sapos... um cataclismo).
Numa certa feita, o pai viajou, ficaram os três - ela, a mãe e o irmão. O caseiro do sítio, muito falante, começou a contar a história da antiga proprietária, recentemente falecida. Narrava ele, que a senhora gostava muito do lugar, tinha feito o pomar, plantado as flores, escolhido o lugar da casa, e que não tinha tido muito tempo para aproveitar. Por isso ela sempre voltava para visitar o sítio. Todos riram muito e o dia passou. Nessa época, não havia eletricidade na região. À noite, ela, o irmão e a mãe costumavam caçar vagalumes. A mãe, cuidadosamente, amarrava os bichinhos pela cintura com uma linha, numa espécie de fila e depois prendia o comboio no pé da cama (não carece chamar a defesa dos insetos brilhantes e oprimidos porque eles eram soltos depois, quase sempre...). Nessa bendita noite a mãe adormeceu e não soltou os bichos, de madrugada, ela acorda e vê o clarão ao pé da cama, imagina se ela lembrou dos vagalumes....
O tempo passou, o sítio foi vendido, a área que era rural virou urbana.
Dessa época ficaram as histórias e a amizade pelas jabuticabeiras. Três vivem no quintal da casa dela e não a deixam esquecer do tempo das botas amarelas.
* Uma das últimas frases do texto Olhe aqui Mr. Buster...de Vinícius de Moraes.
Existia um pomar enorme que ela amava desbravar, calçada com as suas botas sete léguas amarelas (a insistência na cor pode parecer defeito no texto, mas fazer o que? a realidade por vezes se repete). Bom, é verdade que havia um problema, ela embora peralta era novinha, e algumas árvores eram bem altas, resultado, logo fez amizade com as jabuticabeiras.
Tinha também um córrego, onde ela pescava girinos com copos de vidro transparente. Ela dizia que eram peixinhos e ficava intrigada porque a mãe não deixava mais os copos que ela usava junto dos outros, dizendo que tinham ficado sujos. Mas como podiam ser sujos se eram bichinhos da água? (até que ela descobriu que eles viravam sapos... um cataclismo).
Numa certa feita, o pai viajou, ficaram os três - ela, a mãe e o irmão. O caseiro do sítio, muito falante, começou a contar a história da antiga proprietária, recentemente falecida. Narrava ele, que a senhora gostava muito do lugar, tinha feito o pomar, plantado as flores, escolhido o lugar da casa, e que não tinha tido muito tempo para aproveitar. Por isso ela sempre voltava para visitar o sítio. Todos riram muito e o dia passou. Nessa época, não havia eletricidade na região. À noite, ela, o irmão e a mãe costumavam caçar vagalumes. A mãe, cuidadosamente, amarrava os bichinhos pela cintura com uma linha, numa espécie de fila e depois prendia o comboio no pé da cama (não carece chamar a defesa dos insetos brilhantes e oprimidos porque eles eram soltos depois, quase sempre...). Nessa bendita noite a mãe adormeceu e não soltou os bichos, de madrugada, ela acorda e vê o clarão ao pé da cama, imagina se ela lembrou dos vagalumes....
O tempo passou, o sítio foi vendido, a área que era rural virou urbana.
Dessa época ficaram as histórias e a amizade pelas jabuticabeiras. Três vivem no quintal da casa dela e não a deixam esquecer do tempo das botas amarelas.
* Uma das últimas frases do texto Olhe aqui Mr. Buster...de Vinícius de Moraes.
20 comentários:
Gosto de ir pro sítio de vez enquando, tenho parentes no interior do Paraná e o cheiro é outro.. Cheirinho de terra, de café, cheirinho de sítio..
Delícia!
Linkei seu blog!
Póoooode?
Oi Lígia,
Também gosto...
Linkada, que bom.
Bjs
Adorei... me lembrei da época em que eu fiz amizade com um pé de amora e suas moradoras joaninhas! Engraçado, que jabuticaba traz tranquilidade, aqui onde trabalho tem um pé de jabuticaba no fundo, todo café a gente senta lá em baixo, na sombra pra relaxar um pouquinho, e como é bom!!!
bjos ;*
Ana,
Ô combinação boa né: intervalo, sombra, café e tranquilidade.
Bjs
Eu passei minha inf�ncia nas fazendas do meus tios, era muito bom! Ainda sinto a sensa�o da combina�o: vento + cabelo molhado (banho p/ desencardir) + brincadeiras no balan�o ao final da tarde. Girinos? Nunca me simpatizei com eles. Vagalumes? Criei v�rios dentro dum apontador de caixinha transparente, embora a id�ia inicial de criar um pequeno abajur nunca tenha dado certo...ah, adorei ver meu endere�o ai do lado, t� me sentindo importante! Bjos
Muito interessante, sem dúvida.
Eu adoro esse saudosismo da infância, onde todas as coisas que hoje a nós são banais e corriqueiras, pareciam mágicas e encantadas. É tempo de descobertas, e nada mais instigante do que ser uma criança que vive descobrindo tudo a todo tempo.
Suave, suave. Seus textos parecem uma leve brisa...
Beeijo.
Daqueles textos que a gente não quer que termine. Uma delicia!
Bjinhos!
(Odeio quando meu comentário não vai de 1ª)
Voltando:
Lembro da minha infância e fico cheia de saudades.
Saudades do tempo em que brincar era tudo o que se tinha pra fazer. Nada de preocupações com coisas difíceis para resolver.
Bons tempos, rs.
Beijo!
Gra,
Adorei o projeto de abajur de vagalumes...rs
Bjs
Rui,
Obrigada pela visita, seja bem vindo.
Nalaura,
Verdade mesmo, tudo é novo...
Eu gosto de lembrar e tenho boas recordações, mas estou satisfeita com o agora, afinal, o tempo presente, é ele o que a gente tem.
Bjs.
Cin,
Obrigada.
Bjs.
Nathália,
Engraçado que as minhas lembranças d infância não dão aquela saudade que aperta, são recordações que aconchegam.
Também acho uma chatice quando o cometnário não vai na primeira vez...rs
Bjs.
Amiga,
Não tô sendo boazinha, mas seu texto não tem defeito - muito menos por repetir cores. Você tem uma tendência a escrever textos puros que sempre deixam leves os leitores atentos. Sou um deles - sou sua leitora e amiga e agradeço sempre por me visitar. Deixa as críticas ruins para os que não sabem escrever e acham que entendem nossa literatura.
Muitos bjs...
Letícia
Amiga Letícia,
Obrigada pela gentileza e pelo
incentivo constante.
Fiquei toda boba de você ser minha leitora...rs
Outros bjs
Hahaha..Mas que coincidência. NA minha casa em Minas tem um enooooooooooooorme jabuticabeira em meu quintal.
Ela tem 50 anos, é linda linda.
E já rendeu vários post inclusive,rs.
Até publiquei fotos dela e tals.
Sim, eu sei o que é ter uma jabuticabeira no quintal e morro de saudades da minha =)
Beijinhos.
Oi Marcelo,
Então você podia responder ao poeta que sim, sabe o que é ter uma jabuticabeira no quintal...rs
As minhas são mocinhas ainda... mocinhas lindas. Não são enormes, mas já estão mais altas que eu.
Ultimamente, têm servido de sede pra reuniões de passarinhos.
Bjs
Adoro texto assim, simples e com cheiro de infância. Você com esse jeitinho fala muito e muito do que é importante.
Olá João,
Também gosto desse cheiro. Obrigada.
Bjs.
Me deu saudade do meu sitio, naum tinha jabuticaba, mas tinha manga e eu sempre subia até o topo com meu pai desesperado embaixo. :D
Miss Mary West(formato kid),
Nossa, imagino o desespero do seu pai...rs
Bjs
Postar um comentário