A água corria junto ao meio-fio, ia fraca porque o declive era leve. Enquanto isso, ela fazia o caminho contrário, subia a larga avenida, pedalando devagar, aproveitando o vento morno e a falta de movimento.
Ao longe avistava uma senhora: vinha pequena com passos de paciência; tinha o cabelo cinza preso, possivelmente, num coque; trajava um vestido cor do tempo repleto de florzinhas esmaecidas e trazia numa das mãos um embrulho.
Na medida em que se aproximava, reparava melhor. Embora lento, o andar da senhora era firme; ela não vacilava; estava claro que o tempo não lhe tinha levado o vigor. O saco pardo era da padaria que ficava ali perto. Certamente a senhora estava levando o pão para o café da manhã.
Alguns metros a frente, uma menina de vestido colorido e sandálias brancas corria, equilibrando-se na guia do passeio. Afastada, a mãe atordoada e carregada de sacolas de compras, gritava, em vão, pedindo para que ela esperasse. A equilibrista, por sua vez, olhava para trás de tempos em tempos e continuava na mesma toada.
Chegando na esquina, ela passou pela senhora e pela menina; os olhos das três se cruzaram - iguais em brilho, vivacidade, esperança - e elas trocaram sorrisos. Naquele momento foi como se o tempo se dividisse e permitisse que o passado, o presente e o futuro se encontrassem no breve espaço de um bom dia...
Ao longe avistava uma senhora: vinha pequena com passos de paciência; tinha o cabelo cinza preso, possivelmente, num coque; trajava um vestido cor do tempo repleto de florzinhas esmaecidas e trazia numa das mãos um embrulho.
Na medida em que se aproximava, reparava melhor. Embora lento, o andar da senhora era firme; ela não vacilava; estava claro que o tempo não lhe tinha levado o vigor. O saco pardo era da padaria que ficava ali perto. Certamente a senhora estava levando o pão para o café da manhã.
Alguns metros a frente, uma menina de vestido colorido e sandálias brancas corria, equilibrando-se na guia do passeio. Afastada, a mãe atordoada e carregada de sacolas de compras, gritava, em vão, pedindo para que ela esperasse. A equilibrista, por sua vez, olhava para trás de tempos em tempos e continuava na mesma toada.
Chegando na esquina, ela passou pela senhora e pela menina; os olhos das três se cruzaram - iguais em brilho, vivacidade, esperança - e elas trocaram sorrisos. Naquele momento foi como se o tempo se dividisse e permitisse que o passado, o presente e o futuro se encontrassem no breve espaço de um bom dia...
32 comentários:
E um bom dia radiante para você também, senhora Narradora! Bem, pelo menos aqui em João Pessoa o sol e o céu azul anunciam um dia de praia daqueles!
Que bom João! A manhã aqui foi linda. Boa praia pra você.
Bjs.
D E L I C I O S O ! ! ! !
Me senti tão leve ao ler esse texto!!! E a trilha muito bem selecionada completou esse sentir-flutuar... Foi um misto colorido de prazer, céu e alegria.
Juro, Narradora querida, sua delicadeza é singela. Transforma o simples em festa mística. Sempre me deixa tão feliz...
Parabéns, escritora!!!!
Bjo,
Luci:)))
Concordo com a Luci, querida Narradora, a música embalou tão bem a leveza de um texto tão leve e tão cheio de figuras, a idade, a vida, que corre como água. Adorei. Me senti um pouco fora daqui.
Adorei. Adorei. Adorei.
Beijos
você tece história muito bem elaborada isso sim.
Lindo!
bravo, bravo!
Narradora, esse texto me fez lembrar de qdo pegava minha bicicleta rosa, Brisa, e desci uma avenida aqui perto de casa. Conheci uma das minhas melhores amigas num desses passeios, ela tinha uma bicicleta igual a minha. E essa música então?! Uma delícia de escutar! Q música é essa?
três gerações.
bem legal o texto, escrevi algo parecido. Parecido d longe, mas parecido. hehe
Oi Luci,
Sempre gentil!
Fico feliz que tenha gostado do texto.
Bjs
Camilla,
Finalmente consegui tempo pra colocar esse trenzinho de tocar...rs
Obrigada.
Bjs
Flá,
Seja bem vinda aqui em casa.
Obrigada pela visita e pelo comentário.
Bjs
Gra,
Lembrança boa essa sua.
A primeira música, chama New Soul, da Yael Naim. Bem legal né?
Rê,
Vou lá olhar o seu texto.
Bjs.
Como sempre, venho aqui e me lambuzo de histórias super fofas....
beijos pra vc"!
"no breve espaço de um bom dia"
levei comigo.
beijo!
Mariana,
Venha sempre.
Bjs
Oi Clara,
Fica à vontade.
Bjs
oii
passando pra te convidar pro meytamorphoses! blog sobre música, cinema, livros e séries, em breve
bejuu =*
Lindo!
Sempre pensei que senhoras, assim, dessas que você descreveu, guardam grandes segredos.
Beijo!
Oi Nathália,
Já pensou? Qual será o segredo dela?
Bjs
Ps:Tomara que você esteja melhor.
Oi Narradora!! Voltei aqui hoje só p/ escutar a música....rssss...vou procurá-la, é ótima!! Um linda semana p/ vc!!
Menina! Que maravilhoso encontro: palavras e a música. Uma combinação perfeita.
Que bom encontrar-me com você aqui, neste espaço cheio de cor, arte e tantas novidades. Amei!
Bj
Na água tudo se perde
Lavas do rosto a desventura
Uma lágrima é simples gota
Perdida do mar da ternura
Boa semana
Doce beijo
É incrível como você consegue transportar o leitor pra dentro da sua narrativa. Uma coisa linda, cada vez que venho aqui faço uma viagem melhor. Consigo enxergar as personagens a tal ponto de reconhecê-las depois, caso as encontre algum dia... rs
Um beijo e parabéns.
Genial a sua narração.
O presente, o passado e o futuro em um encontro lúdico e inusitado.
Ali ela viu sua infância e a sua velhice.
Gosto muito desse seu olhar sobre as coisas mais simples da vida.
Poesia e sensibilidade puras.
Lindo,lindo.
Beijos.
Oi Gra,
Virei fã também.
Obrigada, bjs.
Ilaine,
Fique à vontade, gosto muito da sua casa também.
Bjs.
Oi Profeta,
Seja bem vindo.
Gostei muito do poema, Li todo lá no seu espaço.
Outro
Nalaura,
Quem sabe, não é mesmo? rs
Obrigada moça das letras.
Bjs
Marcelo,
Gosto do simples... as pequenas coisas dão show todo dia.
Obrigada.
Bjs
Com a sabedoria de uma velhinha cheia de segredos, vc descreveu um encontro que todos nós temos, mas talvez não damos a verdadeira importância... Essa velhinha sabia o verdadeiro sentido daquele "bom dia", vindo do coração...
Sabe que qndo acordo sempre mentalizo, comigo mesma "Bom dia, dia!" tenho a sensação de que meu dia será melhor...
Boa tarde! Vizinha...
Boa Tarde Vizinha!
Bjs
eu sempre me imagino no futuro.
Carmim,
Eu não penso muito no futuro. Gosto de surpresa...rs
Bjs
Tem presente pra você lá no meu blog! =)
Nalaura,
Obrigada, adorei.
Sou chegada num presente...rs
Bjs
Isso é o que eu chamo de convergência de tempos e temporais...
Passados presentes futuros e velhoe jovens e barocos e bicicletas...
Pedalo contigo!
Deixo abraços.
Germano
Aparece...
Caro Germano,
Boa companhia é sempre bem vinda.
Bjs
Q lindo! E ainda li suas palavras ouvindo Death Cab, tem trilha sonora melhor para combinar com um encontro de gerações? :D
Miss Mary West,
Não tem mesmo...
Bjs
Sempre imagino senhoras caminhando lento e de cabelos cinza. Teu texto é uma canção de tão suave, Narradora.
Alice,
Imagino o que elas pensam, como viveram, se esão satisfeitas, seu eu estarei...
Obrigada,
Bjs.
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