Estava sentada numa cadeira giratória, daquelas que dão olhos à nuca e mãos às costas. De frente para a janela, via o outono, com seu amarelo-frio, meio tango, meio blues.
O vento não dava trégua, seguia, tirando tudo do repouso...
Levantava a poeira fina da rua, fazendo os passantes apertarem os olhos e praguejarem baixo (pelo menos era o que parecia diante das caras que faziam e da forma com que gesticulavam)...
Tecia uma coreografia estranha e bela, com as folhas secas caídas no chão e com os papéis que deixavam ali, displicentes. Às vezes usava um grupo; noutras, um solista. Eram rodopios e vôos sem ter fim...
Tinha hora que errava de folha e ia atrapalhar a leitura do rapaz de blusa xadrez e calça de veludo, que insistia em ler no banco da praça...
Como se não bastasse, ainda embaraçava os pensamentos dela, do mesmo jeito que fazia com os cabelos longos, da menina que brincava no balanço.
Mas depois de tanto pé-de-vento e redemoinho, ela adquiriu uma certa prática, aprendeu que nessas horas de agito interno, o melhor a fazer é deixar estar...
Assim, de olhos fechados, se permitiu ficar uns instantes aproveitando o calor do sol - que quase não estava ali.
O vento não dava trégua, seguia, tirando tudo do repouso...
Levantava a poeira fina da rua, fazendo os passantes apertarem os olhos e praguejarem baixo (pelo menos era o que parecia diante das caras que faziam e da forma com que gesticulavam)...
Tecia uma coreografia estranha e bela, com as folhas secas caídas no chão e com os papéis que deixavam ali, displicentes. Às vezes usava um grupo; noutras, um solista. Eram rodopios e vôos sem ter fim...
Tinha hora que errava de folha e ia atrapalhar a leitura do rapaz de blusa xadrez e calça de veludo, que insistia em ler no banco da praça...
Como se não bastasse, ainda embaraçava os pensamentos dela, do mesmo jeito que fazia com os cabelos longos, da menina que brincava no balanço.
Mas depois de tanto pé-de-vento e redemoinho, ela adquiriu uma certa prática, aprendeu que nessas horas de agito interno, o melhor a fazer é deixar estar...
Assim, de olhos fechados, se permitiu ficar uns instantes aproveitando o calor do sol - que quase não estava ali.
É desse jeito que, às vezes, ela sente o seu.
Foto:http://catpuff-noir.deviantart.com/art/Blow-and-Wish-77486338
40 comentários:
Deixar estar...deixar ir, com o vento, seguindo saindo sumindo^^
Lindo como sempre
=*
Agora estou na conta certa XD
Taty-chan,
Quanto tempo menina...:)
Obrigada,
Bjs
Dando um descanço a alma, assim posso descrever oq sentiu a sua personagem. ;)
Miss Mary West,
Verdade.
Eu não teria escolhido melhor.
Bjs
Muito bonito, praticamente mergulhei nas imagens narradas. Fazia tempo que não lia algo tão bacana num blog :)
Bruno,
Bem vindo e obrigada pelas palavras.
:)
Oi....vindo aki pela primeira vez, gostei muito do blog, dos extos, dessa forma tranqüila de escrever, muito bonito, parabéns. abraços
Oi André,
Seja bem vindo e fique à vontade.
Obrigada pela visita.
Outros.
Sensibilidade e poesia.
Lindo post, Narradora!
Bj
Ila,
Também adorei os textos das cidades.
Bjs
Sensível, tocante. E as tardes de outono não são as mais lindas? O laranja tem um tom que só o outono dá e essa ventania.. ah querida, aproveite-a... deixa ventar, enquanto vc olha pra o laranja e tenta achar suas outras cores.
Adorei o post.
Camilla,
Tem razão, melhor mesmo é deixar ventar...
E eu adorei o comentário.
Bjs
Adoro ficar sentada na praça quando o vento está forte. Me sinto tão bem.
E, como sempre, com os pensamentos fluindo. :)
Beijo!
Parei e reli a combinação... "Meio Tango, meio Blues". Bom ser parte de cada coisa.
Seus textos são como os de uma escritora que leio sempre. Eles acolhem porque são abertos e bonitos. Não cito a escritora porque não acho certo rotular a obra da Narradora como algo que me parece outra coisa. É única e é bonita, como já disse.
E ouvi The Look of Love e senti que, mesmo em milhares de blogs e pessoas que escrevem, você é diferente.
Bjs... e sempre seja "meio tango, meio blues".
Letícia
texto poético. Bom d se ler em um domingo frio e comprido.
Querida Narradora, inclua o jazz a esse meio tango e meio blues. Curta o outono, com as coisas boas e as ruins que ele te apresenta. Pois assim que o inverno chegar, vc estará mais forte. Adoro seu jeito de detalhar as cenas, personagens, sensações, isso é de um realismo tão incrível que nos transporta para dentro da história. E obrigada pela paz que sinto toda vez que venho aqui te visitar. Bjos e ótima semana!
Nathália,
Não é todo dia que o vento me agrada...mas, adoro praças.
Bjs
Letícia,
Sempre admirei a capacidade que alguns escritores têm de mostrar a beleza de momentos comuns, de pequenas coisas do cotidiano. Gosto muito de crônicas, adoro Rubem Braga...(isso tá virando um perfil...rs)
Bjs.
PS: Fiquei curiosa com a autora.:)
Rê,
Domingo frio aqui também... só que curto, pro meu gosto...rs
Bjs
Gra,
Jazz em todas as estações...
Fico feliz que goste dos textos.
Obrigada e boa semana pra você também.
Bjs
Meio tango, meio blues.
Cores com esse ritmo devem ser bonitas.
Bj
Cecília,
Apesar de uma certa tristeza presente nos dois ritmos, eles são belos e por vezes vigorosos... Sim, são bonitas as suas cores.
Bjs
que lindo.
"deixa estar". eu tenho feito tanto isso...
Admiro o seu talento para textos descritivos.
Você cria imagens muito nítidas com as suas palavras.
Sempre gostei de escrever esse tipo de texto e fico muito feliz quando cruzo com alguém que tem tal facilidade, aprendo muito...
Beijinhos, menina.
oi Lu, lindo tudo que vc escreveu,tus pensamientos estan cada dia mas lindos,bonsoir...A.Lu.
A-do-rei! Como sempre, sou fã das narrativas daqui...
Foi tudo tao leve... Me senti rodopiando também...
beijocas
Carmim,
Acho que as vezes é o melhor... Um tempinho pra acalmar o alvoroço das idéias.
Bjs
Marcelo,
Obrigada, sempre tão gentil.
Bjs
A. Lu,
Bom você por aqui(em português, francês e espanhol...rs)
Bjs
Oi Mariana,
Fico feliz.
Bjs
A mesma sensação sublime de sempre. Menina, não é qualquer um que se propõe a fazer uma narrativa poética descritiva que consegue executá-la com tanta doçura, suavidade e riqueza de detalhes.
Eu não me canso de dizer: Parabéns!
Sempre admirando tudo por aqui.
Beeijo.
- bravo, brav�ssimo! :)
� raro conseguir expressar tanta sensibilidade em palavras ...
beeijo querida :*
Pintas com as palavras...
Doce beijo
os 'detalhes' de certa forma imaginar nitidamente toda a cena, isso é fantástico, adorei...
;D
http://strangerbeautiful.blogspot.com/
Nalaura,
Obrigada, moça das letras.
Bjs
Su,
Obrigada e seja bem vinda.
Bjs
Profeta :)
Ainda estou pensando onde se esconde uma palavra contida...
Bjs
Beautiful stranger,
Gosto de ver, quando leio..rs
Bjs
Ela sabe ser paciente, agir no tempo devido. Ela entende o significado de paciência.
Linda forma de conduzir o texto, ao sabor do vento outonal.
Bjm
Gostei da id�ia de deixar estar... gostei tamb�m do "meio tango, meio blues." Aqui, melancolia-rom�ntica, ali, o momento em que descobrimos que tem hora que o melhor � deixar as coisas acontecerem.
Sua narração foi tão emocionante que eu me senti dentro da cena, num canto, espiando por ela.
Bjinhos!
Lorita,
Ela bem que tenta..rs
Bjs.
João,
Também gostei do sobretudo agora.
Tem hora pra tudo... pra deixar acontecer e pra agir.
Bjs
Cin,
Bom que gostou.
Achei tocante o seu último post.
Bjs
deixar estar é uma arte!
Foto linda! texto rico em detalhes que nos permite viajar ao lugar narrado...
Voltei, reli o texto e ouvi de novo, para minha felicidade, The Look of Love.
E sobre a autora, você já leu Lygia Fagundes Telles? Falei sobre ela. Ela tem um estilo leve de falar palavrão - assim como você. E você é a escritora do tempo de agora.
E agora ouço The Police. So perfect.
Oi Vizinha,
É verdade, quanto à arte...
Bjs
Letícia,
Já li sim... vou voltar nela.
Obrigada pela visita.
Bjs
Ps: fiquei toda toda com a comparação.
Postar um comentário