Um sol pálido num céu azul sem nuvens, belo início para um domingo de outono. Ela sabia que aos poucos o sol rarearia e o frio se infiltraria pelas portas e pele. Restaria, dessas manhãs de pintura, a saudade.
Pensando nisso, percebeu que nos últimos tempos tem trazido a saudade consigo: solta na bolsa; embolada no bolso; presa à blusa com um alfinete; no cabelo, grudada no grampo. De um modo ou de outro, têm sido companheiras constantes.
Não que ela seja dessas moças melancólicas que vivem penduradas às janelas dos sobrados, cujos suspiros profundos embalam as tardes cinzentas - não, não, ela não. Ela gosta de manhãs de sol, de passear pela cidade, de cenas coloridas, de foto preto e branco e de trilha sonora.
Mas, de uns meses pra cá ela nunca está sozinha, essa senhora bifronte tem andado com a mão no seu ombro. Normalmente, é cordata e calma, uma dama das antigas, educada pra falar baixo e se movimentar com leveza, se fazendo notar apenas pelo sorriso comportado. Noutros dias, no entanto, ela acorda dançando flamenco e faz com que a moça, que não conhece o ritmo, tropece nos seus passos... Aí, a rua é apertada e quarto é amplo.
Observação importante:
A Mariana me deu esse selinho aí do lado (eu adorei). Agora eu tenho que indicar mais cinco pessoas. Vamos lá.
36 comentários:
Seus texto descritivos são perfeitos.
Gosto muito desse estilo.
Profundo, hermético e melancólico sim...
A saudade...Ah a saudade,,,
Esse sentimento tem me feito companhia à tempos.
Beijinhos meus.
Oi Marcelo,
Tudo bem. Melancólica vá, lá. Mas colorida...rs
Bjs
Uma visão bonita da saudade. Muito bonita.
Incrível como um sentimento tão sufocante pode ser responsável por umas obras tão profundas assim.
Acho que é exatamente por ser sufocante. Daí queremos desabafar.
Beijo!
Nathália,
Tem dias de mansidão e tem dias de tempestade...rs
Bjs.
Descritiva e sempre doce... Essa é a nossa narradora. "Observadora", pseudo-heterodiegética que narra com uma onisciência neutra apesar de sabermos que é a protagonista. Estilo lindo.
A suavidade dos seus textos leva o leitor a um saudosismo involuntário mesmo.
Adorando cada vez mais.
Beijos.
Nalaura,
Adorei a sua descrição de como eu escrevo (disfarçada, mas completamente autodiegética, me confesso...rs).
Fico feliz que goste.
Obrigada pelas palavras, moça das letras.
Bjs.
há tempos e tempos. e em alguns desses tempos a saudade anda de mão dada com a gente mesmo, e confesso que muitas vezes eu adoro estar por aí suspirando, olhando longe com saudade de tudo aquilo que foi realmente especial pra gente!
bjos ;*
Oi Ana Cláudia,
A saudade "mansa" me encanta também, é uma espécie de confirmação das coisas boas.
Obrigada pela visita,
Bjs
Amiga Narradora,
Você narra a vida e as cores que tanto amo. Obrigada por tudo e pela indicação. Vou estar fora uns dias, mas assim q voltar, virei ao seu "recanto".
Bjs da sua amiga das letras...
Letícia
Letícia,
Boa viagem e até a volta.
Bjs.
Não vou viajar. Coisas de trabalho em casa mesmo. Já coloquei o selinho. Podia? Eu amei. :)
Sempre me vejo em seus textos. Impressionante isso. E vc, com sua delicadeza, singelas palavras que me ofuscam com a simplicidade complexa. Um paradoxo que, confesso, adoro!
Olha, muito obrigada pela indicação ao selo. De coração! Fiquei bastante lisongeada!!!
Como funciona?
Bjo,
Luci:)))
Que bom que gostou, podia sim. Bom trabalho então. Bjs.
Luci,
Bom que gostou do texto (também adorei o seu e estou esperando os dos outros blogs..rs) e do selo.
Então, sabe aqueles números e letras? você pega ali o selo e é só colocar no seu blog, naquela parte de personalizar sabe? E vc indica mais cinco pessoas também. Bjs
No meu blog tem um poema lindo do Neruda sobre saudade. Se você não conhece, dê uma passada por lá e leia.
Mas isso é só prá dizer que sua transcrição proseada é tão singela que - hoje, ontem ou amanhã - nos traz identificações.
Estou suavemente melancólica hoje e a tua leitura me fez um bem danado.
bjs. Veronica
sem palavras.
eu morro toda vez que leio seus textos. sei lá, já aconteceu tanta coisa e ainda acontece tanta coisa aqui no meu coração.
é foda.
é bonito demais.
(muito obrigada pelo selinho! achei super bacana! eu tenho que indicar mais 5? como é?)
beijo!
Oi Verônica,
Não conhecia o poema, é bonito mesmo.
A saudade do Neruda é pontiaguda, incômoda ao extremo, é como ele diz "o inferno dos que perderam". Pra mim, inferno mesmo é nunca ter perdido, por nunca ter tido - ele identifica isso no final: "o maior sofrimento é nunca ter sofrido".
Fico feliz que o texto tenha te feito bem.
Ps:Adoro flamenco..rs
Bjs.
Carmim,
Coração é terra de grandes acontecimentos mesmo.
Obrigada pela visita.
Bjs
Oi,
Eu sonhei contigo essa noite.
Tu és um amor.
Beijos, Dri.
E quando o quarto é amplo, os passos marcados de tantas danças... ecoam, ecoam.
Obrigada pela indicação e pelo carinho.
beijo na alma.
p.s: e preciso indicar tb? Tu me conta depois.
Oi Dri,
Sempre bom você aqui.
Fiquei curiosa..rs
Bjs.
Oi Cecília,
Tens razão.
Te contei, tá no seu blog.
Bjs
"... nos últimos tempos tem trazido a saudade consigo: solta na bolsa, embolada no bolso; presa à blusa com um alfinete..." Companheiras.
Narradora, muito bem sei o que é isto. Falas-me a alma.
Linda crônica. Parabéns.
bj
Saudade...
Palavra que tem ficado no top ten do meu vocabulário ultimamente...
Você sabe fazer poesia de uma maneira muito particular. E deixa um gosto de quero mais!
Eu tb gosto de manhãs de sol, principalmente as manhãs de abril, considero os dias mais bonitos do ano. E sem trilha sonora, nada tem sentido!
A nostalgia canta como canta o canário da terra. teu texto me remonta tempos de outrora, minha querida!
Abraços no coração!
Germano
Aparece...
Completamente encantada com a beleza de tais palavras...Obrigada por este momento. ;)
Ilaine,
Obrigada, fico feliz com a sua visita e espero que a sua saudade seja uma presença mansa, que não lhe atribule a alma.
Bjs
João,
Muito obrigada pelas palavras.
Bjs
Gracyelly,
Concordo em gênero, número e grau...rs
Bjs
Caro Germano,
Bom ver você por aqui. Sempre um mestre com as palavras.
Bjs
Miss Mary West,
Obrigada eu, pela visita e pelo comentário.
Bjs
Adorei cada linha que li...sao transparentes!!!
um beijo
ts
t s,
Que bom que gostou. De fato são.
Obrigada pela visita.
Bjs.
Obrigada primeiro pelas palavras deixadas no meu blog. Clarice sempre me conforta, vindo de você é melhor ainda.
E depois obrigada pelo "moça das letras", que nem é tanto assim. rs
É, não somos de vidro, graças a Deus!
Beijos.
Nalaura,
Eu imaginei que Clarice seria uma boa companhia.
Fica bem, moça das letras.
Bjs
Ai, quando a saudade dança flamenco!
Não há tamanho, a hora é dela.
Um beijo!
Ah, obrigada, mesmo!
e desculpa pela demora, to muito sem tempo por causa da escola..
passando rapidinho hehe
beijos
Lindo!
Nossa, e que jogos de palavras. Palavras e conteúdo enganchados perfeitamente!
Um bjo!
Oi meninas,
Quando ela dança, à gente só resta tentar acompanhar.
O tempo tem corrido de todo mundo mesmo.
Tentando enganchar.
Obrigada pela visita e pelos comentários.
Bjs
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