Ela entrou no que parecia ser um enorme livro. Na verdade era um álbum daqueles antigos, com folhas grossas e cantoneiras nas fotografias.
A primeira era de um casamento. Encostou na foto para ver melhor e acabou caindo lá dentro. Deu por si, sentada no chão em frente à igrejinha branca. Levantou rápido, meio desajeitada, batendo a poeira dos joelhos. A noiva entrava, bonita de dar gosto, andava pausado e olhava pros lados. Ao passar por ela, parou por um instante e sorriu de um jeito conhecido... Aquela moça era a vó dela, quer dizer, ia ser ainda. Ela queria perguntar tanta coisa, mas se limitou a sorrir de volta e a noiva-vó seguiu seu caminho.
Ela saiu da foto e continuou perambulando supresa-intrigada-animada.
Logo se deparou com três crianças, todas arrumadinhas. As duas meninas estavam sentadas e o menino entre elas, de pé. A menina mais nova, de olhos pretos e com a barra do vestido suja, acenou com entusiasmo, era a madrinha. Ela respondeu o aceno, mas a menina já estava entretida puxando uma linha solta no forro da cadeira.
Andando, viu vários dos seus nas fotos seguintes, na medida em que avançava no tempo, os tons em sépia davam lugar às cores. A fotografia dos pais, em lua-de-mel, era de um colorido polaroid meio esmaecido.
Um pouco mais a frente e lá estava ela, com uns quatro anos. Se recordava desse dia. Era uma fotografia de família, todas as famílias iam tirar uma foto para um anuário. Estavam a mãe, com um vestido vermelho lindo; o pai, de terno com colete e tudo; ela com um vestido azul e o irmão, com um conjunto marrom. O fotógrafo posicionou todo mundo: o pai de um lado com o irmão no colo, a mãe do outro lado e ela no meio. Na frente, perto do fotógrafo, tinha uma senhora com poucos afazeres, que ficava falando - sorri, olha para cá, vira para lá - uma chatice. Como essa organização toda já tinha demorado um pouco e a paciência sempre lhe foi escassa, encheu as bochechas de ar, franziu a testa e ficou olhando para tal senhora, que estava prestes a dar um siricutico. Alheio a isso tudo, o moço tirou a foto e ela ficou de bico congelado.
A última fotografia era escura, não dava para ver com nitidez a paisagem de fundo. A luz que entrava pela janela alta, incidia de forma indireta e só mostrava uma silhueta, era uma imagem bela. Will you count me in? Enquanto se aproximava... I've been awake for a while now... ela divisava o encosto da cadeira....You've got me feeling like a child now... os ombros...cause every time I see your bubbly face... tinha uma sensação de familiaridade... I get the tinglies in a silly place ...
Era a música do despertador do celular.
Permaneceu na cama por um tempo, deixando que os pensamentos amarrotados se espreguiçassem.
A primeira era de um casamento. Encostou na foto para ver melhor e acabou caindo lá dentro. Deu por si, sentada no chão em frente à igrejinha branca. Levantou rápido, meio desajeitada, batendo a poeira dos joelhos. A noiva entrava, bonita de dar gosto, andava pausado e olhava pros lados. Ao passar por ela, parou por um instante e sorriu de um jeito conhecido... Aquela moça era a vó dela, quer dizer, ia ser ainda. Ela queria perguntar tanta coisa, mas se limitou a sorrir de volta e a noiva-vó seguiu seu caminho.
Ela saiu da foto e continuou perambulando supresa-intrigada-animada.
Logo se deparou com três crianças, todas arrumadinhas. As duas meninas estavam sentadas e o menino entre elas, de pé. A menina mais nova, de olhos pretos e com a barra do vestido suja, acenou com entusiasmo, era a madrinha. Ela respondeu o aceno, mas a menina já estava entretida puxando uma linha solta no forro da cadeira.
Andando, viu vários dos seus nas fotos seguintes, na medida em que avançava no tempo, os tons em sépia davam lugar às cores. A fotografia dos pais, em lua-de-mel, era de um colorido polaroid meio esmaecido.
Um pouco mais a frente e lá estava ela, com uns quatro anos. Se recordava desse dia. Era uma fotografia de família, todas as famílias iam tirar uma foto para um anuário. Estavam a mãe, com um vestido vermelho lindo; o pai, de terno com colete e tudo; ela com um vestido azul e o irmão, com um conjunto marrom. O fotógrafo posicionou todo mundo: o pai de um lado com o irmão no colo, a mãe do outro lado e ela no meio. Na frente, perto do fotógrafo, tinha uma senhora com poucos afazeres, que ficava falando - sorri, olha para cá, vira para lá - uma chatice. Como essa organização toda já tinha demorado um pouco e a paciência sempre lhe foi escassa, encheu as bochechas de ar, franziu a testa e ficou olhando para tal senhora, que estava prestes a dar um siricutico. Alheio a isso tudo, o moço tirou a foto e ela ficou de bico congelado.
A última fotografia era escura, não dava para ver com nitidez a paisagem de fundo. A luz que entrava pela janela alta, incidia de forma indireta e só mostrava uma silhueta, era uma imagem bela. Will you count me in? Enquanto se aproximava... I've been awake for a while now... ela divisava o encosto da cadeira....You've got me feeling like a child now... os ombros...cause every time I see your bubbly face... tinha uma sensação de familiaridade... I get the tinglies in a silly place ...
Era a música do despertador do celular.
Permaneceu na cama por um tempo, deixando que os pensamentos amarrotados se espreguiçassem.
Ilustração - Patrícia Lima
21 comentários:
Simplesmente amei! Me senti viajando junto com você por entre essas fotografias antigas e ao final, me deparei essa música que eu sim-ples-men-te amo!
Parabéns pela suavidade e delicadeza de sempre!
Beijos.
Que sonho, menina!
Andei pelas cores esmaecidas das fotografias e as imagens se tornaram música. Bonita composição. Adorei!
Abraço
lindo, como sempre!
Nalaura,
Também gosto muito da música.
Bjs.
Ilaine,
É uma combinação que eu gosto - imagem e música. Obrigada
Bjs.
Carmim,
Obrigada, gentil, como sempre.
Bjs
Ai que cuticuti..
Vi seu blog no da Ana Laura e vim conferir.. adoro fotografia, são a pópria viagem.. só de olha-las viajamos no tempo, a lugares.. enfim..
A ilustração é DEMAIS! Parabéns!
Ps: caso fique curioso, foi eu quem exclui o comentario de cima, estava com outra conta...
Bela música e um belo texto, feito p/ dar leveza em meus pensamento. Adorey! =***
Belas as ilustrações que você utiliza nas postagens, só enriquecem a qualidade do blog. Naveguei em um mar de lembranças entre suas palavras, não preciso de mais, irei te linkar. Se me permite, voltarei. Boa semana pra você, beijos...
Meu sonho é fazer curso de fotografia. Adoro registrar momentos que aos meus olhos merecem ser inesquecíveis.
Poxa, uma delícia ler esse texto.
Beijo!
Sempre que chego vejo novidade, vejo a vida que gosto. Sou admiradora real dos seus textos e quem disser que não gosta de elogios, tá mentindo. Texto cheio de personagens e vida e fotos e também adoro quando surge essa quebra de frases em outra língua. Sempre que leio, vejo o seu crescer a cada dia. Escritora de narrativas e que tem a boa visão das cores.
Com carinho,
Letícia
Encostei muito para ler sua história e cai dentro dela.. haha. Adorei.. Lindo! Obrigado pelos votos. Estou mesmo precisando.
Beijos
Lígia,
Obrigada pela visita, é sempre bem vinda aqui em casa.
Também adoro fotografias e ilustrações. Essa que anima o texto é da Patrícia Lima.
Bjs
Miss Mary West,
Legal o texto sobre o cinema.
Pensamentos leves, boa coisa, fico feliz (pareceu telegrama...rs).
Bjs
Roberta,
Seja bem vinda, será um prazer ter você por aqui.
Fico feliz que tenha gostado e parabéns pelos selos.
Bjs.
Nathália,
Adoro fotografia também.
Bom que gostou do texto.
Feliz aniversário de novo.
Bjs.
Letícia,
Fico realmente feliz com seus comentários e elogios, gosto muito do que você escreve.
Obrigada pelo carinho e pelo incentivo.
Bjs.
Camilla,
Obrigada pela visita, se já está saindo de casa está melhor :)
Melhoras maiores,
Bjs.
acabei caindo dentro do teu blog, do teu texto... adorei... assim como todos seus escritos, muita criatividade e magia... bjos ;*
Ana Cláudia,
Oobrigada, bjs.
Adoro fotos, especialmente as mais antigas. Aquelas do tempo em que não sabia que saber era a mais generosa fonte. Me senti assim, meio etérea, meia fada, num estado de encantamento tão comum quando relemos fotos e relembramos do que, às vezes teimosamente, insistimos em esquecer.
Lindo texto. Meigo e doce como o instante bom do prazer.
bjs. Veronica
Adorei o texto...
eu amo fotos.. amo muito.. nossa.. eu me perco nas fotos...
beijocas
otima ilustração.
Incrível!! Tb cai dentro das tuas fotos, eu vi a igrejinha, o colorido dos vestidos, o nervosismo da noiva-avó, a felicidade estampada no rosto dos recém casados, a impaciência dos pequenos com a maldita sessão de fotos q numa acaba, e pior, a voz chata da senhora ajudante.
Obrigada pelo carinho!! Seja sempre bem vinda ao meu balão! Bjos
Ps: Vou deixar aqui, p/ vc nunca mais perder: http://balaoeancora.zip.net
Adoro as ilustrações tb!
Essa música é tão bonita e gostei da história.
Carolinas, Margaridas.. quem não tem um pouco delas?
Tais linkada por lá!
Verônica,
Obrigada pelo comentário, muito gentil.
Bjs.
Mariana,
Também menina, partilhamos esse gosto.
Bjs.
Wev´s,
Da Patrícia Lima, linda mesmo.
Gra,
Ta linkada...rs
Chata mesmo a ajudante.
Obrigada.
Bjs
Clara,
É mesmo verdade, temos um pouco delas e de tantas outras...
Vc aqui também.
Bjs.
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