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domingo, 8 de fevereiro de 2009

Em dias assim ela afasta o tempo com as mãos como quem desliza cortinas. Nesse momento encontra a ausência e ouve o baticum do peito contrariado, que faz birra.
Na bagunça da gaveta, alcança o envelope velho, rasgado nas pontas e estufado de letras. Com cuidado desdobra cada uma das cartas, sentindo, no papel, a lembrança daquelas mãos que prefere ter na pele.
As recordações giram como num toca-discos antigo, que reproduz um passado chiado, que já não corresponde ao que foi, mas à memória daquelas palavras que hoje, sorriem sépia.
Por isso, quando as frases se mostram, riscam as paredes de vermelho e enchem tudo de falta.
É uma interação no pretérito que por ser presente é imperfeito. O incompleto transborda e então, saudade...
Notícias de última hora!
Bom, então tem o Meme da Amanda...
São oito coisas pra fazer antes de morrer:
Oito (8) é um infinito () em pé...
Ultimamente tenho tido muita vontade de infinito e ficado muito à vontade com ele.
Por isso, sendo esse 8 uma outra posição que limita a minha hiperólica personalidade, com o rosto carmim, peço licença à minha querida historiadora para continuar rodeada de infinito.
Beijo.

domingo, 1 de fevereiro de 2009

"Descobrir o verdadeiro sentido das coisas é querer saber demais..."


Ao som da música ela piscava, arrumando o foco dos olhos, ainda pouco acostumados com a claridade. A cada passo, seus pés descalços sentiam a idade das tábuas do piso.

"Tem motivo pra viver de novo
Tem o novo que quer ter motivo
Tem a sede que morre no seio
Nota que fermata quando desafino."

No final do corredor a luminosidade se fez plena, forçando-a a proteger os olhos, usando a mão por viseira.
As janelas abertas de amplo verão convidavam o sol, que todo à vontade riscava o chão com seus braços de luz.
Vez por outra, um ventinho entrava e tirava as cortinas pra dançar, aproveitando a música que vinha da varanda. Bastou um instante pra sua camisola branca também aceitar o convite do vento.

"Borboleta parece flor
Que o vento tirou pra dançar
Flor parece a gente
Pois somos semente do que ainda virá"

Sonolenta e ainda com os cabelos despenteados, a moça continuou o caminho até a porta.
A varanda era grande e depois dela vinha um jardim com barulho de água de aspersor. Mais um passo e o chão de um frio-lajota gostoso; lá no canto, uma rede de algodão cru.

"Tem beijo que parece mordida
Tem mordida que parece carinho
Tem carinho que parece briga
Tem briga que aparece pra trazer sorriso"

O encanto vinha de lá, da música que repousava na rede. E ela tomada por esse pedaço de pra sempre quis ver de perto, quis ter à mão.
Continuou andando e quando viu a rede ocupada, entendeu o abrigo que procurava e sem cerimônia , como se faz ao chegar em casa, descansou no peito do seu bem.

"Mas sonho parece verdade
Quando a gente esquece de acordar
E o dia parece metade
Quando a gente acorda e esquece de levantar
E o mundo é perfeito..."

PS: Rê, valeu pelo selo! Fiquei toda, toda. :)

O título e os trechos fazem parte da música Sonho de uma flauta - O Teatro Mágico.
Foto:http://wackycracka.deviantart.com/art/Lay-With-Me-12457751