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sexta-feira, 28 de março de 2008

Afazeres

Fim de mês, contas pra pagar, banco cheio, filas: cenário nada animador.
E ela lá, em pé, atrás de milhares de pessoas - tudo bem, não eram milhares. Pode parecer que ela tem uma certa tendência ao exagero, mas não é isso. Sabe a diferença entre temperatura e sensação térmica? Então, é que nem - Continuando...
Ela lá, um bom tempo de espera pela frente. Nada pra fazer nesse período e nada que pudesse fazer a esse respeito. Já que era assim, ela passou a observar as pessoas ao seu redor.
Um rapaz jovem, magro e irrequieto, examinava insistentemente o relógio a cada três segundos, como se com isso, pudesse fazer os ponteiros correrem. Um senhor, mais baixo e encorpado, de olhar tranqüilo e bigode espetado, acompanhava a ginástica do rapaz a sua frente, balançando a cabeça e com um sorriso indulgente nos lábios. Ao lado, perto de um carrinho de bebê, o rapaz do all star amarelo, discutia com a namorada no celular, alguma coisa acerca de um scrap no orkut. Atrás dela, duas mulheres conversavam sobre um show e uma calcinha vermelha, que uma delas tinha arremessado.
Olhou em volta e percebeu, ao sair do torpor do seu tédio, que estava cercada por movimento e que todo aquele espaço estava repleto de histórias.
Pasmem, a vida acontece também em filas de banco.

Obs: ilustração Marcus Romero - http://meicas.blogspot.com/


Micropoema

Esse micropoema é bem charmoso.


A autora do poema e da ilustração se chama Cláudia e ele foi retirado de http://mundogominola.blogspot.com/


Animação

A animação é simples, mas é bem divertida.




quinta-feira, 27 de março de 2008

...but you




Porque o filme é uma graça (Juno) e a música é bem bonitinha (Anyone else but you)

terça-feira, 25 de março de 2008

Sentido(s)

Um punhado de cores, uma boa quantidade de sentir, alguns cheiros e sons. Esses elementos compõem as lembranças dela. Não há ordem rígida nos arranjos.
As vezes as cores vêm primeiro...
Era domingo, ela abriu os olhos devagar e a primeira coisa que viu, foi uma réstia de sol laranja no lençol branco. De longe, os passarinhos chamavam. Logo o cheiro de café encheu o quarto e ela se deixou ficar na cama, com uma alegria descansada estampada no rosto. Bom jeito de acordar.
Noutras ocasiões o som chega antes...
No toca disco (sim, era uma vitrola mesmo) Paulinho da Viola cantava, da cozinha vinha a voz animada dos pais. Era um final de manhã num sábado lá atrás, já perdido no tempo. O céu aberto tinha um azul vivo. As risadas tinham cheiro de bolinho de arroz e esquentavam a alma dela, ainda menina.
As vezes são os cheiros...
A Maresia, o vento estava carregado do perfume do mar. O som das ondas se desfazendo na areia era a única música que se ouvia. O sol morno secava o corpo molhado de sal e ela toda feliz, de férias do mundo.
Tem hora que eles vêm todos juntos, de mãos dadas...
Ela sediando, no estômago, uma reunião mundial de borboletas. Perdida nos seus braços, o castanho dos olhos dela em contraste com a sua pele clara; o vermelho dos sorrisos; o perfume do encontro; o som ritmado das palavras, enfim ditas. Mas, por enquanto, isso ainda não é uma lembrança...

sábado, 22 de março de 2008

Porque a criança ainda está aí

Mudanças

Ela não nasceu desconfiada, foi ficando. Não sabe direito quando começou ou exatamente porque, mas a vida foi seguindo e ela passou a hesitar.
Reconhece que confiar é um ato de coragem. É acreditar, apostar as suas fichas numa coisa, que na maior parte das vezes, é incerta quanto ao resultado. Isso a assusta, quer dizer, isso também, porque de uns tempos pra cá ela foi ficando inquieta, insatisfeita, com essa imobilidade causada pela sua falta de fé nas pessoas e até nela mesma. Teve perdas em razão desse comportamento arredio e esquivo.
Mas, ela não nasceu assim... e é páscoa, que etimologicamente quer dizer passagem, e no sentido da festa cristã, renascimento; portanto, uma boa hora pra mudar.
As transformações exigem tempo, nesse ponto são intransigentes. Mas ela está empenhada e sabe que deve começar dando pequenos passos.
As vezes é necessário ver vaga-lumes pra lembrar das estrelas.
Obs: Obrigada Lightning Crashes

terça-feira, 18 de março de 2008

Ruas e esquinas


Ela caminha pela cidade com passos largos, carrega na bolsa uma lua nova, meia dúzia de estrelas, alguns raios e outras miudezas. Lá dentro está a carteira de identidade, com aquela 3 x 4 que ela detesta; e ali do lado, uma foto sua, logo ela que nunca gostou de skate. Leva a chave de casa e mais um monte de outras, no mesmo chaveiro esquisito que já tem faz tempo; na caderneta verde, o seu endereço de e-mail. Um pacote de lenços de papel para desembaçar a vista e enxergar por dentro; uma sombrinha cor de rosa, pra filtrar o sol e guardar a chuva; uma caneta sem tampa, pra amarrar pensamentos e anotar tatuagens (agora, as suas quatro). O mp3 player pra ouvir as canções que você mandou; um celular, quase sempre com pouca bateria e no silencioso.Umas poucas moedas, algumas dúvidas e muitas esperanças.
Andando, com a bolsa no ombro, ela se vê feliz, ao pensar que uns caminhos são como ruas que fazem esquinas, se elas podem se encontrar, porque a gente não poderia?
Night and Day
Composição: Cole porter
Cantada por Ella Fitzgerald

domingo, 16 de março de 2008

A mexicana


Não, não é o filme (por sinal, sofrível); não, não é Salma Hayek com sua beleza; e não se engane com a imagem, não é Frida Kahlo com sua força e suas cores. Hoje ela não é pronome, mas substantivo coletivo...
Nela se reunem todas as marias, não a cantada por Milton Nascimento, mas aquelas que se identificam como: María la del Barrio, María Mercedes e Mari-Mar. Isso mesmo, as mocinhas das novelas mexicanas), com seus gritos e lágrimas, com seus dramas e topetes.
Hoje tudo é pouco e muito é nada. Nossa, será que agora é Ana, a Carolina?
Obs: Frida Kahlo, Árvore da esperança, mantem-te firme! 1946.

sábado, 15 de março de 2008

Presente

Ela já recebeu vários presentes ao longo da vida. Alguns em datas especiais, outros que fizeram a data se tornar especial.
Ganhou livros que semearam idéias; cds e canções soltas que ampliaram a sua trilha sonora (sim, a vida dela tem acompanhamento musical, as lembranças dela tocam...); uma bicicleta prateada com cestinha e tudo, pra substituir aquela azul velha que foi a professora; brincos, ela adora os pendentes; anéis (uma vez, teve um que ela não quis)...
Não faz muito tempo, numa noite desassossegada e melancólica, ela ganhou uma estrela pequena e brilhante, mais que isso, veio no pacote uma pitada de quietude, uma porção generosa de alegria e a certeza de uma boa e sincera amizade (esse sim, o maior de todos os presentes).

quinta-feira, 13 de março de 2008

Tempus fugit


Viver o hoje, o momento presente em toda a sua inteireza e complexidade, estar de corpo, mente e alma aqui e agora. Sentir, falar, agir. Ela tem se esforçado nesse sentido...
Não é a procura pela satisfação instantânea e superficial, tão comum nesses dias; também não se trata da realização irresponsável de desejos individuais, sem cuidado com os outros.
É, na verdade, a busca do equilíbrio entre o planejar e o viver - falar o que precisa ser dito, não desistir por medo de fracassar; apostar nos encontros quando eles acontecem, porque são raros e a vida é breve.
Obs: imagem - Pintor Alcir Costa - retirado do livro "Arte para Criança".

quarta-feira, 12 de março de 2008

Primeiros socorros


Ela carrega num canto do coração um baú de recordações, leva ali dentro suas melhores lembranças. Algumas são muito antigas, outras mais recentes, mas todas são especiais.
Guardadas no baú, junto de outras coisas, estão: o cheiro do colo da mãe; a voz do pai quando ele cantava pra ela dormir; a primeira ida ao cinema - era um desenho, cinderela (a gata borralheira) - que assistiu sentada nos pés da avó, porque a sala estava cheia; o toca disco amarelo que carregava pra todo lado; a primeira vez que se equilibrou, sem ajuda, na bicicleta - era bem velha e azul; as arrumações da árvore de natal, com os debates sobre os enfeites; o vinho e as conversas de horas, onde os probelmas da humanidade eram resolvidos; as brincadeiras com os irmãos nos almoços de todo dia; o instante submerso do mergulho, no silêncio a água; o chopp com os amigos, em conversas eternas que duravam até as 23 horas, porque era quando o portão do pensionato era trancado; a sensação de ter certeza que encontrou alguém que vai ser importante na sua vida; o primeiro eu te amo compartilhado...
Esse conjunto funciona como uma espécie de caixa de primeiros socorros, nos dias cinzas ou nas noites de trovoada são essas memórias que lhe dão abrigo e aquecem a alma.

segunda-feira, 10 de março de 2008

Platão ou Plutão


Duas senhoras, na faixa dos cinqüenta anos, que aparentavam não se ver há algum tempo, conversavam animadas. Lá pelas tantas, uma delas confidenciou que estava namorado um moço mais novo que morava na cidade vizinha, mas que a distância atrapalhava um pouco o relacionamento. A outra ouviu atentamente e logo emendou: "ah, eu não gosto desse negócio de amor plutônico".
Ela, que seguia atrás ouvindo a conversa, não pode deixar de sorrir. Bom, pensou, a idéia corrente de amor platônico ela conhecia... aquele à distância, revestido de fantasia e idealização (ou como o povo das filosofias prefere, o amor focado na beleza do caráter e da inteligência da pessoa, na virtude), mas amor plutônico, esse era novidade.
É certo que plutão (o ex planeta) fica longe, bem longe... então, teria sentido, o amor distante ser amor plutônico, com a vantagem de não significar, necessariamente, amor idealizado... remeteria, apenas, à questão geográfica.
As senhoras já iam longe e ela ainda sorria, pensando na sábia definição de lonjura.
Se é pra ter um amor à distância, que ele seja mesmo plutônico e não platônico.

domingo, 9 de março de 2008

Cumulus

Um domingo de sol, céu azul com algumas nuvens, daquelas gordinhas em cima das quais os anjos brincam (cumulus, é como chamam).
Deitou na grama e fez uma coisa que a tempos não fazia, acompanhar as nuvens. Via como elas se transformavam, na medida em que andavam, impulsionadas pelo vento.
Sorria, pensando que somos todos como elas... o vento que impulsiona cada um, muda conforme os objetivos e a matéria de que são feitos os sonhos. Pode ser o dinheiro; o amor; o trabalho; pra ela é a busca, a constante procura dela mesma.
Alheia a toda essa conjectura, a manhã seguia linda...
E cá entre nós, nada se compara a sensação de estar em paz consigo mesma e ter olhos de ver nuvens.

sábado, 8 de março de 2008

Para elas

This is my message to you

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Desperdício


sexta-feira, 7 de março de 2008

Caminho


"É... a vida não alisa", era o que a moça que trabalhava na sua casa costumava dizer quando alguém sofria um revés.
A idéia que ela tinha, era que a outra via a vida tal qual uma senhora solitária, cruel e mesquinha que não perdia oportunidade para espalhar sua amargura.
Na época, ela não entendia muito bem...
Hoje, sabe que a vida nunca lhe foi apresentada dessa forma, como uma entidade externa, autônoma e com poderes ilimitados, muito pelo contrário, ela conheceu a vida como uma caminho em constante construção. E na maioria das vezes, o que alguns chamam de fatalidade, nada mais é do que a conseqüência de escolhas impensadas ou proteladas.
Pra ela, o verdadeiro desafio é saber quem ela é e o que quer, porque viver plenamente exige coragem.

quarta-feira, 5 de março de 2008

Under my skin

Os degraus - Quintana

Não desças os degraus do sonho
Para não despertar os monstros.
Não subas aos sótãos - onde
Os deuses, por trás das suas máscaras,
Ocultam o próprio enigma.
Não desças, não subas, fica.
O mistério está é na tua vida!
E é um sonho louco este nosso mundo...

Dias de sol

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terça-feira, 4 de março de 2008

O tempo das coisas


Tudo tem seu tempo, era o que ela sempre ouvia. Mas, pra quem não tinha paciência com relógios; e as vezes engolia as vírgulas, porque em sua pressa não admitia pausa, era difícil acomodar a cabeça. Para umas coisas, um minuto era muito; para outras tantas, a eternidade era breve...
No entanto, o tempo seguia seu curso normal, sem levar em consideração, as imprecações e manobras da menina que se esforçava pra retroceder ou acelerar os dias.
Ela, por sua vez, com a sucessão das noites, que se transformavam em manhãs, que, por fim, voltavam a ser noites, cresceu. Compreendeu que o único jeito de vencer o tempo é viver bem e plenamente cada instante.
O para sempre virou por um tempo, mas ela, no fundo, onde a mulher ainda é menina, inventa estratagemas, pra enganar o tempo e transformar os minutos com você em eternidade.