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sexta-feira, 25 de julho de 2008


"Segundo o diretor da Escola de Astronomia e Astrofísica da Austrália, Simon Driver, existem pelo menos 70 setilhões (ou seja 70.000.000.000.000.000.000.000.000) de estrelas no Universo - cerca de dez vezes o número estimado de grãos de areia na Terra." (http://pt.wikipedia.org/wiki/Estrela)

Pela janela aberta, via a rua vazia de passos.
Lá fora, uma sacola plástica rodopiava devagar: o vento soprava frio, mas estava fraco.
Escurecia rápido, como era comum nessa época do ano. A lua viria cheia, o que trazia à lembrança a parte inicial do soneto de Orfeu:

"São demais os perigos dessa vida
Para quem tem paixão, principalmente
Quando uma lua surge de repente
E se deixa no céu, como esquecida"
(Vinícius de Moraes)

Achava a lua linda, mas sempre teve uma afeição especial pelas estrelas. Não as conhecia pelos nomes e nem sabia identificar seus desenhos, mas gostava de olhar, traçando linhas imaginárias que formavam figuras e caminhos.
Costumava passar horas, sentada no telhado de casa, olhando o céu.

Foi mais ou menos isso que ela fez na noite anterior.
Acordada, observou as pintas nas suas costas.
A pele clara em contraste com os pontos escuros, seqüência aleatória de reticências.
E ela que nasceu sem bússola, vagou entre as suas constelações.


segunda-feira, 14 de julho de 2008


Um frio de assovio, numa noite clara vestindo um céu estampado de estrelas.
A cama demorando e cheia de arrepios, as cobertas encolhidas pela falta de calor.
Meias, mãos embaixo do travesseiro e nariz gelado.
Ela nasceu no inverno, mês de julho, e mesmo gostando do sol, é uma garota da estação.

Se mantém desperta pelo incômodo que precede o equilíbrio térmico.
Serão poucos minutos e ela sabe disso, então, mais resignada que paciente, vai deixando o pensamento livre, e ele vaga pelo ano que passou... os caminhos e as escolhas; a rara, mas presente, impulsividade e seus tufões ocasionais; o medo que andou meio rebelde, mas que já voltou para coleira...

Um calorzinho bom vai se instalado... o corpo relaxado, desfazendo o casulo e se espalhando na cama... os olhos pesados descendo devagar e o coração leve deixando o sono chegar.
Ela, pronome pessoal do caso reto, longe da proteção limitativa dos oblíquos, não é mais complemento. Agora, ela é sujeito (e dorme...shh).

http://ponto-quente.deviantart.com/art/This-is-fact-not-fiction-43799052

PS: A Lu, do Esquadros, indicou o blog para o prêmio 5 estrelas (Beijo Lu!).

Os meus indicados foram: Esquadros, Balão Carmim, Balão e Âncora, Esse Papo Também, Sem Crase.

Quem quiser indicar os blogs preferidos é só passar lá no Gotas Diárias de Sentimento.

http://www.gotasdiariasdesentimento.blogpost.com/

segunda-feira, 7 de julho de 2008


Depois que escurecia, as pessoas que se aventuravam pelas ruelas da Idade Média normalmente faziam uso dos serviços de um codega. Era sempre um homem, cuja função consistia em guiar o seu contratante, levando-o em segurança ao seu destino. Para isso, seguia na frente de lanterna em riste, iluminando o caminho e afastando os malfeitores.

Mais seguro é verdade, mas talvez com ela não funcionasse direito. Nunca foi boa seguidora, então, bem mais difícil para o guia.
Esse negócio de soltar o corpo e se deixar levar... ela é mais âncora que pluma, mais vento que pipa.
Dançar com ela não é fácil... uma espécie de judô valsado, capoeira em minueto.

Apesar disso, regada com diária paciência, ela vai melhorando. Hoje já aceita que você faça os barcos nos quais ela sai navegando.

http://thevampiredred.deviantart.com/art/boats-will-take-me-away-46825033